Sob o mote “trazer a juventude para a mesa global”, os municípios de Braga, Amarante, Barcelos e Santa Maria da Feira assinaram hoje, na capital do distrito, uma parceria que mobiliza estas quatro Cidades Criativas do Norte de Portugal para acolher, na primeira semana de julho de 2024, a Reunião Anual da Rede de Cidades Criativas da UNESCO, no ano em que esta comemora duas décadas.
Presente nesta cerimónia, Mário Constantino Lopes, edil de Barcelos, salientou a “disponibilidade de colaboração dos quatro municípios que, em conjunto, encontraram formas de promover um programa mais vasto e diferente que em muito contribuiu para que a candidatura de Braga saísse vencedora. Iremos ter um programa ambicioso e aliciante e saberemos valorizar a nossa cultura, a nossa identidade, as nossas raízes e sobretudo os nossos municípios”, disse o presidente da Câmara, reiterando que “Barcelos está muito comprometido com este projeto” para que tudo aconteça e decorra da melhor forma possível”.
Recorde-se que esta parceria vem na sequência da candidatura que Braga apresentou o ano passado, aquando da realização da cimeira do Brasil, tendo a capital do distrito vencido a cidade do Dubai, muito por ter associado à sua candidatura as restantes cidades criativas da UNESCO do Norte de Portugal.
A Reunião Anual da UCCN – Reunião Anual da Rede de Cidades Criativas da UNESCO – em 2024 será acolhida na primeira semana de julho (1 a 5) em Braga Cidade Criativa da UNESCO para as Media Arts e também em Amarante (Música), Barcelos (Artesanato e Artes Populares) e Santa Maria da Feira (Gastronomia).
Esta será a 1.ª conferência do universo das Nações Unidas no nosso país realizada fora de Lisboa. A reunião tem como foco envolver a juventude no debate ao mais alto nível sobre as questões de sustentabilidade e marca o 20.º aniversário de toda a rede de Cidades Criativas da UNESCO (UCCN), captando as quatro cidades criativas parceiras e mais de três centenas de líderes políticos municipais vindos de todo o globo. Assim, a parceria agora estabelecida promove o reconhecimento do território dos quatro municípios nas dimensões cultural e turística e reitera o compromisso do país e destas cidades no alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável definidos pela Agenda 2030 da ONU.
Com um impacto direto estimado superior a 1 milhão de euros, a hospitalidade (alojamento e alimentação) será um dos eixos do tecido económico da região mais beneficiados pelo evento, apenas superado pelo impacto indireto estimado de quase 3 milhões de euros do alcance mediático nacional e internacional.
A força desta parceria na conquista para o Norte de Portugal deste grande evento contribui significativamente para a coesão territorial ao ser realizado fora das duas áreas metropolitanas, trazendo-o para regiões que geralmente enfrentam ainda maiores desafios de desenvolvimento e visibilidade nacional e internacional, e mobilizando cidades de média e pequena dimensão, tanto na escala nacional quanto europeia, para alavancarem o respetivo desenvolvimento da respetiva coesão regional.
O evento contribui ainda para o reconhecimento da capacidade organizativa de Portugal, do Norte de Portugal e das quatro cidades criativas da UNESCO da região Norte de Portugal, ao promover a capacidade deste território para sediar eventos de perfil global, cumprindo rigorosamente as exigentes normas das principais organizações internacionais, como é o caso da UNESCO, a agência intergovernamental do sistema das Nações Unidas especializada em Educação, Ciência e Cultura.
Rede de Cidades Criativas da UNESCO
A Rede de Cidades Criativas da UNESCO (UCCN) foi criada em 2004 para promover a cooperação com e entre cidades que identificaram a criatividade como um fator estratégico para o desenvolvimento urbano sustentável. Quase 300 cidades de todo o mundo que integram atualmente esta rede trabalham em conjunto para um objetivo comum: colocar a criatividade e as indústrias culturais no centro dos seus planos de desenvolvimento a nível local e cooperar ativamente a nível internacional.
Amarante
Nomeada Cidade Criativa da UNESCO na categoria Música, em 2017, Amarante utiliza a música como elemento de desenvolvimento económico, social e cultural. Através do trabalho de disseminação das raízes musicais, festivais/animação, sem deixar, contudo, de promover ligações e articulações com outros domínios da vida artística, como a literatura, artes plásticas, a cidade de Amarante busca robustecer o tecido empresarial e profissional na área da música. O trabalho como Cidade Criativa tem criado condições para uma maior profissionalização do setor criativo de Amarante, fixando tecido criativo artístico/criativo no município.
Barcelos
Barcelos, Cidade Criativa da UNESCO desde 2017, destaca-se no artesanato, especialmente nas tradicionais louças de barro e no ícone do turismo nacional, o Galo de Barcelos. A sua Feira semanal impulsionou a projeção internacional do artesanato local.
O Município continua a promover o artesanato como diferencial do território, preservando as tradições para as futuras gerações.
Ser Cidade Criativa da UNESCO acrescenta mérito ao artesanato e arte popular que se desenvolve no concelho, e representa uma oportunidade de desenvolvimento sustentável, enfrentando desafios como criar empregos para os jovens, e revitalizar de forma inovadora as produções tradicionais. Barcelos possui certificações para Olaria, Figurado e Bordado de Crivo, refletindo uma cultura rica e especializada. O seu artesanato é fundamental na identidade social e cultural da cidade, constituindo um verdadeiro património coletivo transmitido ao longo de gerações.
Braga
Desde 2017 Braga detém o título de Cidade Criativa UNESCO no domínio das Media Arts.
Desenvolvendo um programa de ação que promove criticamente as ligações entre arte, tecnologia e ciência, Braga juntou-se a um grupo de cidades que estão na linha da frente dos esforços da UNESCO para promover a inovação e a criatividade como fatores-chave de um desenvolvimento urbano mais sustentável e inclusivo.
Santa Maria da Feira
Santa Maria da Feira é Cidade Criativa da UNESCO, na área da gastronomia, a única com esta chancela em Portugal, desde 2021 e, portanto, os sabores feirenses assumem protagonismo em vários eventos do território.
A Fogaça da Feira é fonte inspiradora e impulsionadora da afirmação gastronómica de Santa Maria da Feira, por combinar o doce e o salgado fazendo emergir novas ofertas gastronómicas que, para além deste doce secular, tem também na produção agrícola local um importante fator de desenvolvimento económico, sendo de relevo a produção de kiwis, frutos vermelhos e cogumelos.
No panorama cultural, destaca-se a Festa das Fogaceiras, que conta com mais de cinco séculos de história e é também fator de unidade dos feirenses espalhados pelo mundo.
Enquanto Cidade Criativa da UNESCO, Santa Maria da Feira combina este rico património imaterial com educação, a formação, a capacitação dos produtores locais, a criatividade e a inovação como forma de potenciar o destino, o turismo cultural e gastronómico, a economia criativa e toda a cadeia de valor associada, gerando emprego e rendimento sustentável.