O Pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Barcelos promoveu no dia 19 de Fevereiro, na Galeria Municipal de Arte, uma tertúlia sobre a vida e obra de Jerónimo, no âmbito da exposição de pintura deste autor, intitulada “Até morrer de azul”, que está patente em cinco locais da cidade até 27 de Fevereiro.
A sessão foi aberta pela vereadora Armandina Saleiro que reafirmou o propósito do Pelouro da Cultura de promover os artistas barcelenses ou que tenham mantido com Barcelos uma forte ligação, como foi o caso de Jerónimo. Conhecer a obra artística e a vida deste autor foi o pretexto para as diversas intervenções do debate moderado por Alberto Serra. O jornalista começou por falar de Jerónimo como um “ser desassossegado”, dando o mote para a intervenção que César Príncipe faria logo a seguir. Falou da cidade de Braga na década de 60, altura em que conheceu Jerónimo, e da “resistência comum” ao provincianismo intelectual de então, de uma época “em que não havia rebeldes públicos”. E Jerónimo foi esse “transgressor”, para quem a pintura “não era decoração”.
O pintor Carlos Basto abordou uma fase anterior da vida artística de Jerónimo, quando este dava os primeiros passos na pintura e assinava os seus quadros com “Fernandes Silva” ou simplesmente “Silva”. Uma fase de indefinição que Manuel António Araújo, comissário da exposição, também referiu.
Virgílio Alberto Vieira citou Alexandre O’Neill para assinalar início de uma amizade que se prolongaria: “mal nos conhecemos, inaugurámos a palavra amigo…”. O escritor bracarense definiu Jerónimo como um rebelde, mas o nome “nómada assenta-lhe bem”. Por sua vez o empresário Manuel Ribeiro falou dos seus primeiros contactos com o pintor e, sobretudo, do amigo com quem conviveu.
Entre o público, as intervenções foram de relatos de um homem especial, das fortes amizades e marcas que deixou naqueles que com ele se cruzaram e da justiça que a obra de Jerónimo reclama. “Jerónimo faz falta à cidade!”