A data é, sem dúvida, distinta por ter sido também marcada pelo desaparecimento de Rosa Ramalho, há 34 anos.
«Eu este ano não estive a pintar, dediquei-me a outras áreas», explicou Gracinda Candeias na cerimónia de abertura, adiantando, contudo, que quando foi convidada para expor em Barcelos, decidiu logo a abordagem: “pedi umas dezenas de galos de Barcelos para os pintar com a lenda do galo e este foi o meu trabalho de pintura em 2011».
A inauguração da exposição foi acompanhada por muito público que acedeu aos encantos da autora natural de Angola, radicada em Portugal há 47 anos.
«Mesmo em período de grande constrangimento financeiro, a Câmara Municipal de Barcelos irá continuar a apostar na Cultura e na promoção de novos momentos culturais de qualidade», defendeu o Vice-Presidente da Câmara Municipal de Barcelos, Domingos Pereira, presente na cerimónia. Além desta aposta vincada nas actividades culturais, o autarca sublinhou as linhas estratégicas do Município que passam pela Educação e aumento da formação dos cidadãos do concelho e por uma Acção Social ativa.
Mutabilis
A exposição pode ser vista diariamente na Galeria Municipal de Arte de Barcelos e apresenta, além dos Galos de Barcelos pintados por Gracinda Candeias com a história da lenda do Galo, um conjunto de séries que levam o visitante/espetador a viajar pelos vários continentes através das cores de África, do misticismo do Oriente ou o perfume das flores pintadas e as cores do corpo humano, na série Corpus Meum (Corpo Meu). Poderá ainda contatar de perto com a série de quadros Selos do Coração a Sangrar, em técnica mista.
«Este é um exemplo da diversidade que a Empresa Municipal de Educação Cultura de Barcelos (EMECB) quer continuar a implementar nas exposições da Galeria Municipal», apontou o Presidente do Conselho de Administração da EMECB, Augusto Castro, na companhia da restante administração da empresa municipal, Elisa Braga e de Sandra Teixeira. «A Galeria é visitada por milhares de pessoas que, outrora, estavam distantes da arte, distantes da cidade de Barcelos e sem acesso a obras de grande qualidade, como são bons exemplos os trabalhos que compõem a exposição Mutabilis da Gracinda Candeias», sublinhou.
No dia em que inaugurou a exposição em Barcelos, Gracinda Candeias teve a companhia do amigo de longa data e pintor altamente conceituado, António Franchini, que dedicou as palavras de abertura da exposição ao vastíssimo trabalho da grande artista Gracinda Candeias. «Uma grande artista, uma grande amiga, uma grande mulher com um percurso notável», disse emocionado.
Gracinda Candeias – uma vida de arte
Gracinda Candeias nasceu e viveu até aos 18 anos em Luanda, Angola. Veio para Portugal estudar Belas Artes, contacta com grandes nomes da cultura nacional, desde António Quadros, a Calvet de Magalhães, José-Augusto França, Filipe La Feria e Maria Henrique Leiria, Cruzeiro Seixas, Mário Cesariny ou mestre Júlio Resende.
Expõe em Paris, em 1978, na coletiva Jeune Peinture Portuguese, na Fundação Calouste Gulbenkian e participa na exposição coletiva Arte Moderna Portuguesa, na Kunsthall, Lunds, Suécia; em 1981 expõe na Galeria da Embaixada de Portugal em Brasília; em 1987 faz residência artística em Paris com uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian, tendo como orientadores Eduardo Luís e Júlio Pomar; em 1989 apresenta a exposição comemorativa dos 20 anos de carreira, na Galeria Nasoni, Porto; em 1990 participa na exposição coletiva Segunda Exposição de Arte do Banco Fomento e Exterior, em Luanda, Angola; em 1991 faz a primeira viagem a Macau, onde expõe na Sala Garden da Fundação Oriente; em 1995 volta a Macau e viaja até Pequim, acompanhando a itinerância da Exposição/Instalação Transparências – Memórias de Macau.
Em 1997 conclui os murais em azulejo para a estação de Martim Moniz, em Lisboa; em 2001 participa na exposição coletiva Metro na Europa/Pasiger Fabrik, em Munique, Alemanha; em 2004 apresenta uma seleção de pinturas da sua coleção particular, representativa de diversos períodos, no Centro Nacional de Cultura, a convite do professor Guilherme de Oliveira Martins.
Em 2007 apresenta na Feira de Arte um trabalho de grandes proporções em fotografia com recurso à tecnologia lenticular, pela Galeria Quatro. Em 2010, a convite do professor Augusto França, realizou uma exposição antológica de pintura no Museu de Tomar. Neste ano, apresentou uma exposição individual na Galeria Ap’arte, a convite de Fernando Troca, depois de 20 anos de ausência em exposições do Porto. Em 2011, apresenta, desde 24 de Setembro, a exposição Mutabilis, na Galeria Municipal de Arte de Barcelos.
Ao longo da sua carreira participou em mais de 500 exposições coletivas e ganhou uma dezena de prémios. A exposição Mutabilis, de Gracinda Candeias, estará patente na Galeria Municipal de Artes de Barcelos até ao próximo dia 13 de Novembro. Pode ser visitada todos os dias, das 10h00 às 12h30 e das 14h00 às 18h00.
Fotolegenda:
Galeria – Inauguração Gracinda Candeias 1: da esquerda para a direita – Fernando Troca – Galeria Ap’arte, Sandra Teixeira – Administradora da EMECB, António Franchini – Pintor; Gracinda Candeias – autora da exposição, Domingos Pereira – Vice-Presidente da Câmara Municipal de Barcelos, Elisa Braga – Administradora EMECB e Augusto Castro – Presidente do Conselho de Administração da EMECB.