Trata-se de uma exposição eminentemente pedagógica, constituída por vinte e dois painéis, que nos conduz à reflexão sobre a maior revolta académica do país que levou ao encerramento da Universidade de Coimbra, à expulsão de estudantes da academia e ao fecho das Cortes.
Ao tempo, Bernardino Machado, que seria Presidente da República, era professor catedrático em Coimbra, e não hesitou em colocar-se ao lado dos estudantes, demitindo-se da cátedra e deixando claro que “enquanto não voltarem todos para a Universidade, as portas deste estabelecimento estarão também fechadas para mim”.
A revolta estudantil de 1907 foi um dos acontecimentos sociais e políticos mais relevantes, ocorridos no ocaso da Monarquia. Suscitada pela reprovação nos actos de habilitação ao grau de Doutor em Direito, do licenciado José Eugénio Dias Ferreira, que se realizaram nos dias 27 e 28 de Fevereiro, na Universidade de Coimbra, gerou um generalizado repúdio da Academia coimbrã. A reacção estudantil, que passou por um boicote às aulas, levou ao encerramento da Universidade pelo Governo, em 2 de Março, depois de auscultado o Reitor. Coerentes com as razões da sua atitude contestatária, os estudantes dirigiram-se a Lisboa, a fim de apresentarem ao Governo e ao Presidente da Câmara dos Deputados, as suas reivindicações, como condição do regresso à normalidade escolar.
Na greve, ficaram, pois, frente a frente e num painel que se alastrou a nível nacional, a propósito de um mero acto académico, o princípio da autoridade (Monarquia) e o princípio da liberdade (República). O franquismo, por via da greve académica, acelerava, assim, o seu trânsito da via liberal para a vida ditatorial, precipitando a própria agonia do regime.
Esta exposição, que foi organizada pelo Museu Bernardino Machado de Vila Nova de Famalicão, poderá ser visitada, de segunda a sexta-feira, das 9.30 às 18.00 horas e, aos sábados, das 9.30 às 12.30 horas.