No início do século passado, surgem em Portugal novos conceitos de preservação cultural, onde o artesanato de Barcelos assume um papel de relevo enquanto manifestação artística popular, sinónimo de múltiplos saberes. No final dos anos 50, um pouco como resultado de um crescente reconhecimento artístico por parte de alguns intelectuais da época, nomes como Rosa Ramalho, Ana Baraça, Rosa Côta ou Mistério (entre outros) lideram uma mudança artística e entram no universo do sagrado, com a produção de peças que retratavam as cenas da vida de Cristo, da Virgem, dos padroeiros e das procissões.
Estas obras não foram nem são usadas para actos sagrados, ou veneração pública. Eram fruto de um imaginário de uma cultura religiosa fortíssima e estavam lado a lado com diabos e outras figuras profanas, retratando os credos, temores e superstições de um povo.
Estava marcado definitivamente o (re)início de uma abordagem artística que se cimentou até aos dias de hoje, fruto de uma capacidade de conjugação de tradição e modernidade, por parte da imensa e rica comunidade de artistas de Barcelos, das mais importantes de Portugal.