A Conferência abriu com o Conservatório de Música de Barcelos, desta vez oferecendo duas atuações: a primeira num quarteto de cordas uníssonas e harmoniosas e a segunda num duo de guitarra e canto lírico que fez ecoar melopeia pela sala repleta de ouvidos recetivos.
O Vice-Presidente da Câmara Municipal de Barcelos, Domingos Pereira, fez as honras da sessão, dizendo que com estas conferências e iniciativas desenvolvidas pelo Pelouro da Cultura “todos saímos mais enriquecidos” e lembrou outras iniciativas, incluídas num vasto programa, que ao longo deste ano se seguirão.
Por sua vez, o historiador Joel Cleto lembrou que o Foral Manuelino “é de facto um documento que faz parte do património e da identidade deste território e desta comunidade” e que “ a História e o Património só fazem sentido não pelo seu passado, mas enquanto instrumento ao serviço do presente e do futuro.”
Nuno Higino Cunha, “homem investigador e criador de cultura”, começou por dizer que “Quando D. Manuel atribuiu a Barcelos o Foral em 1515, o Ocidente europeu vivia um período de grande entusiasmo no campo das Artes, da Literatura e da Cultura em geral, ainda que essa Cultura tenha muito pouco a ver com a significação que hoje lhe atribuímos. O Renascimento, assim se chamou a esse período novo e excitante, iniciou o seu processo em meados do século XIV, quase dois séculos antes da atribuição do Foral a Barcelos. O sol da renovação ia já alto quando chegou a Barcelos o incremento de vitalidade resultante da atribuição do Foral”.
Fez menção a três acontecimentos mais ou menos próximos da data de 1515, que foram determinantes na fixação da língua portuguesa e da nossa identidade cultural. São eles a publicação do “Auto da Barca do Inferno”, de Gil Vicente; o Cancioneiro Geral de Garcia de Resende; e a tentativa de impor a primeira gramática da Língua Portuguesa. Não deixou ainda de referir que “vivemos hoje tempos de asfixia cultural” e “uma crise cultural leva muitas gerações a ser superada e deixa cicatrizes que nunca serão limpas e sobretudo nega a essas gerações o acesso a bens fundamentais para o seu bem-estar e a sua realização plena. A Conferência terminou com uma animada dramatização levada a cabo pela Companhia de Teatro de Barcelos – A Capoeira.