Já terminaram as obras de reabilitação da Casa Ascensão Correia, um edifício do Município sito na Rua Fernando de Magalhães, em Barcelos, onde vai funcionar o Centro de Expressão pela Arte. A empreitada representa um investimento de 496.130,23€ (IVA incluído) financiado por fundos comunitários (PEDU, PI 6.5), pelo FEDER, através do Programa Norte 2020, e pelo orçamento municipal em 188.600,91€.
O edifício situa-se em pleno centro histórico da cidade e data do início do séc. XIX, embora apresente sinais de obras de ampliação posteriores. O seu corpo principal reflete um inegável valor na imagem urbana do núcleo histórico.
A construção encontra-se implantada num logradouro/jardim de aproximadamente 575,0 m2, criando uma espécie de varanda sobre as margens do rio Cávado. Este jardim possui um portão conhecido por “Postigo do Pessegal” (antigo postigo da muralha), outrora usado como acesso ao rio através de uma viela que ao longo dos tempos foi ocupada e camuflada pela propriedade que é a zona de intervenção do projeto de reabilitação.
O edifício tem dois pisos acima da cota de soleira, uma área de implantação de 198,50 m2 e uma área bruta de construção de aproximadamente 393,00 m2. A zona de intervenção encontra-se delimitada pela muralha medieval na vertente sul, a poente pela casa “Conde Vilas Boas” (parede em granito que se desenvolve ao longo de todo o lote), a norte a Rua Fernando Magalhães e a nascente pelo edifício habitacional da autoria do arquiteto Adalberto Dias.
Com a instalação do Centro de Expressão pela Arte, pretende-se dinamizar a ligação do Museu de Olaria à comunidade local, com maior incidência na comunidade escolar, através do desenvolvimento de atividades lúdicas e recreativas que visam a valorização cultural.
Ao apoiar esta operação, através do FEDER, os Fundos Europeus Estruturais de Investimento são um instrumento fundamental para o desenvolvimento da região Norte, promovendo a competitividade regional e o aumento da qualidade de vida da população.
Esta ação de divulgação é financiada pelo POAT – Programa Operacional de Assistência Técnica.
O projeto de reabilitação
Foi desenvolvido um programa de reabilitação que pretende revitalizar e valorizar o edifício dotando-o de espaços adequados ao seu uso, nomeadamente na criação de um laboratório/oficina e três salas/oficinas para formação e experimentação de atividades relacionadas com as artes plásticas e de expressão de conhecimentos artísticos, bem como os espaços de apoio; instalações sanitárias, receção e infraestruturas de apoio.
Foram demolidos parcialmente os espaços que constituem a vertente sul da construção, de forma a poder adequar-se ao programa base, designadamente na criação de espaços mais amplos. Toda a estrutura e traça arquitetónica do corpo principal foram mantidas e recuperadas, num total de 168.0 m2 de área de construção.
As obras de ampliação consistiram na criação de dois volumes sobrepostos, distintos na sua materialidade, que se interligam numa estrutura de dois pisos acima da cota de soleira, resultando numa composição volumétrica em “L”. O novo volume comunica e articula-se com a construção existente (através de vãos existentes) ao nível dos dois pisos.
Os vãos foram constituídos por caixilharias em madeira com pintura de cor branco e aro em cinza. Pelo exterior, as paredes do piso superior foram desmontadas e reconstruídas de forma a colmatar as deficiências estruturais que apresentavam, foram picadas, novamente rebocadas, estucadas e pintadas de tons suaves e claros. Foram construídas novas lajes de piso e uma cobertura em estrutura de madeira.
Os novos volumes apresentam imagens distintas: o corpo térreo com paredes brancas (em continuidade com o existente) constituídas por tijolo cerâmico e isolamento térmico pelo exterior; no volume superior (que define o átrio de entrada do edifício e que articula a rutura do “novo” com o existente) serão construídas fachadas revestidas a camarinha de zinco e na zona do átrio um paramento de fachada em vidro assente em caixilharia de alumínio autoportante.
O projeto integrava a requalificação da antiga viela do Pessegal, de forma a manter viva a memória urbana da cidade e possibilitar a acessibilidade pedonal da Rua Fernando Magalhães com o parque fluvial da cidade (zona ribeirinha). A viela prolonga-se pelas escadas existentes até ao postigo (portão) na muralha, caracterizado por um vão em arco em cantaria de pedra em granito.
O edifício é acessível a partir da Rua Fernando Magalhães. O acesso principal é feito pela viela do “Pessegal” até a um pequeno átrio exterior (interior do logradouro). A segunda entrada permite o acesso direto da rua com o interior do edifício.
No rés do chão, a distribuição espacial é organizada por uma oficina para artes plásticas, hall ou átrio de entrada com pé direito duplo, escadas e elevador (acessível), duas instalações sanitárias divididos por sexos e acessíveis para pessoas com mobilidade condicionada, um balcão de receção, zona de arrumos e um laboratório de artes e conhecimentos com acesso ao alpendre e jardins. O primeiro andar é composto pela oficina de um corredor de circulação e distribuição em passadiço e uma sala/oficina com acesso ao terraço.
O terraço está dotado de mobiliário e equipamentos adequados a espaços de estar e convívio de forma a tirar partido da paisagem ribeirinha e da beleza natural do Rio Cávado.